quinta-feira, 7 de julho de 2011

Contadores de Histórias


Pedi a uma grande amiga minha, que terminou agora o primeiro ano do Curso Técnico de Apoio Psicossocial para fazer um texto de reflexão sobre idosos, velhice, terceira idade, o que lhe queira chamar, ela, logo com um grande sorriso disse-me que o faria com muito gosto. 
 O nome dela é Andreia Águas e tem apenas 18 anos. 
Para mim, ela é um exemplo, não só pela sua história de vida, mas também porque tudo o que ela faz, faz bem. Tem um dom, escrever e recitar! 
É uma grande amiga, uma grande irmã. Espero que gostem tanto quanto eu gostei quando o li. 

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Os idosos são traços da vida e muitos desses traços para mim são histórias, das mais belas e únicas até às mais frustrantes e marcantes. E por mais que um rosto desenhe um final próximo, qualquer que seja a história e a pessoa, esses traços e linhas que lhes traçam o jeito e a face jamais serão apagados, é lá que estão guardados os segredos, as lágrimas, as gargalhadas… enfim, está guardada uma vida.
Não são velhos nem são trapos, são corpos e flores que por mais secas que estejam, têm um brilho raro, diferente das flores jovens, jamais iguais às sementes. 
São verdadeiros versos que descalços sobem mais alto que depois da chegada ao destino choram querer voltar a fazer tudo de novo. São poetas muitas vezes desconhecidos cuja própria poesia é rasgada.
Porém não deixam de ser velhos sábios, poderão ser muito mais, mais que tudo isto que referi.
Aos netos são os conselheiros e aos filhos são os sobreviventes de uma luta, que vencida acaba partilhada e contada.
São tantos os que andam por ai perdidos, com nome próprio mas sem morada, onde se acham pedras a estorvar no caminho, onde se perdem na solidão e na sombra, estes que no fundo acreditam na esperança, mas já não em terra.
A uns o rosto não sabe esconder a sabedoria, nem o amor que vivo ainda permanece, nem o sorriso que apesar de muito gasto se ouve, nem o bico do lápis de carvão se deixa partir, pois o fim ainda está por escrever … para outros o tempo é escasso e só resta fechar os olhos e morrer.
Algures por este mundo fora … junto da janela ou na cama de um lar, uma mão se acena num adeus sereno mas tremulo, um adeus que para quem não sabe, quer dizer, “não vás! Fica mais um pouco.”.

Cara Ana,
Pediste-me que fizesse um texto ou uma reflexão sobre estes “Contadores de Histórias”, para mim digo-te que são mesmo isto que referi, poderás achar muita coisa absurda ou até nem achares nada e sentires as palavras, pois não conheço mais ninguém que lide tão bem com estas pessoas fantásticas, a não ser tua pessoa, tu és o exemplo que podemos fazer a diferença junto delas, fazer-lhes sorrir!
 E acredita que lá chegaremos um dia, espero, e seremos como muitos delesJ
Sei que perdes-te a tua querida avó, que tanto para ti significava, porém eu ainda tenho a minha, e vejo nela vidas e vidas, luta e cansaço, mas acima de tudo firmeza! Acredito que a tua assim fosse, acredito que nela as histórias não faltassem.
Um dia, cara Ana, desejo que a nossa história comece, escrita por mãos trémulas mas honestas e firmes ou quem sabe por palavras sentidas e vividas entre memórias e sejam ditas aos netos e bisnetos.
“Nós duas velhinhas a relembrar tempos de uma linda amizade e cumplicidade, algures a beber um ice tea e um compal, sorrindo muito".

Um abraço minha Querida Ana Barata. 

Autoria: Andreia Águas      

05/07/11          
                                                                                                       

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